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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Pedra no meio do caminho



Sabe aquela "cara-de-sol"? Um sorriso forçado, os olhos puxados, tudo por conta do ângulo dos raios solares na vista de quem caminha pela rua? Então, o rapaz, de sport chic, como dizem, cabelo meio penteado meio bagunçado, andava desse jeito pela calçada.
- Com os pensamentos que ultrapassavam a lua, começou a chutar pedrinhas. Até que uma, com formato perfeito e cor diferenciada, chamou a sua atenção. Assim, o desafio estava lançado: irar chutar aquela pedrinha até chegar em casa, não importava quantos contratempos encontraria. Praticamente uma Odisseia.
- Começou a saga. Chutando, chutando e tendo dificuldades em atravessar ruas. Chegava perto da calçada e dava uma bica na tentativa da pedrinha pegar alguma altura. Até então, estava dando certo.
- No meio do caminho. Exatamente no meio do caminho algo acontece. Num chute um pouco mais forte, a pedrinha bate em um trinco da calçada e sobe no ângulo de 90º, em direção ao céu. Subiu de maneira perfeita, na velocidade certa, na altura certa, para ele dar o chute mais forte que já deu em toda a sua vida, mandando aquela pedrinha pro espaço, transformando-a em um meteoro, tempos mais tarde.
- Os olhos, que nem ligavam mais para o sol, brilharam. A pedrinha pegaria no peito do pé, o timing permitiria que tomasse impulso e que ainda ajustasse a posição do corpo para usar a canhota, que era a perna mais forte e menos desengonçada. Era aquele o momento. Podia pegar em alguém, mas tudo bem, esse alguém entenderia. Não se pode perder uma chance dessa.
E ele errou.
- Não fosse o bastante, errou e deixou a pedrinha cair barranco abaixo, no lado esquerdo mal acabado da calçada. Viu-a quicar, quicar e quicar até encontrar um matagal medonho que ali tinha. Olhou para os lados para ver se poderia compartilhar de seu desespero com mais alguém. A rua estava cheia, mas todos pouco ligavam para o que (não) viram.
- Sentiu uma solidão e uma angústia incríveis. Não restava muita coisa a não ser continuar o seu caminho e mudar o desafio para algo mais simples, como não pisar em riscas da calçada.

zelanski

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