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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Congresso Internacional do medo


Provisoriamente não  contaremos o amor,  
que se refugiou  mais abaixo dos subterrâneos. 
Cantaremos o medo, que estereliza os abracos,
não  cantaremos o ódio porque esse não  existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro.
O medo grande  dos sertões,  dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães,  o medo das igrejas,
Cantaremos o medo dos ditadores, o medo  dos democratas.
Cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, 

depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores 
amarelas e medrosas.



             Carlos Drummond de Andrade.
                     Sentimentos do mundo.
              By: Fatyma Silva

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